“Não lamentar a vida.”

jenmann

Esta frase simples é um conselho da atriz Arlette Pinheiro, mais conhecida como Fernanda Montenegro. Está guardada no meu vidrinho de citações como um lembrete. Simples, direto e necessário.

A gente adora falar nos quatro cantos (de nosso restrito quadrado ideológico) que não se arrepende de nada, que até os erros que tomamos consciência de termos cometido, serviram de aprendizado, e que se arrepender é para os fracos. “Me arrepender? Só se for do que não fiz.” Dizemos essas frases de gente equilibrada e dona de si, com uma baita cara de pau, entalhada de uma porção de “e se”s. Lamentamos o amor perdido, ter virado na rua errada, e ter comido mais um pedaço do bolo formigueiro da tia. Ficamos nos culpando por não termos previsto coisas imprevisíveis e não termos agido de forma diferente, mesmo sabendo que fizemos o que sabíamos e poderíamos no momento. Isso, quando a gente não culpa outra pessoa, o além, ou a própria vida.

E nesse parágrafo de conclusão eu deveria apresentar uma solução, expressar todo meu equilíbrio mental acompanhado de algum discurso de auto ajuda. Sei lá se tem solução, se precisa de solução. A gente erra mesmo, erra feio, se arrepende, se culpa, se lamenta. Tem que ser muito arrogante pra achar que fez tudo certo sempre, e muito pragmático pra acreditar que o certo existe. Mas para não arrancar a casquinha e deixar a ferida aberta sem oferecer nem um esparadrapo; gosto de pensar que todas as nossas ações têm sua coerência e função nos contextos micro e macro em que estão inseridas, mesmo que a gente não entenda (não estou falando de metafísica, mas se isso te alentar, ótimo). Não sei se acredito no destino, mas acredito no óbvio, que o que é, é. E o que poderia ter sido, não é. Acredito nessa outra frase simples e carregada de sentido:

“Mas existe verdadeiramente outro rumo? Na verdade, só existe a direção que tomamos. O que poderia ter sido já não conta.” de Don Mario.

A imagem do post é uma obra da artista canadense Jen Mann.

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